Disciplina - Sociologia

Sociologia

07/11/2008

Assassinato de sem-teto na Capital Social

Terra de Direitos denuncia a ONU o despejo violento no Fazendinha  

04 de novembro de 2008
A organização de direitos humanos Terra de Direitos encaminhou nesta semana uma denúncia para Raquel Rolnik, relatora do direito humano à moradia da ONU sobre o despejo ocorrido no bairro Fazendinha, em Curitiba. O objetivo é solicitar providências e intervenções urgentes da Organização das Nações Unidas para evitar novas violações aos direitos humanos. A ONU considera que os despejos forçados estão em desacordo com suas diretrizes porque são feitos de forma ilegal, sem alternativa aos moradores, sem abertura de negociação e diálogo e nem garantia da proteção dos direitos humanos. O documento também foi enviado para a agência da ONU em questões urbanas, HABITAT, AGFE (Comissão de Especialistas em Despejos Forçados) e para a Relatoria do Direito Humano à Moradia da Plataforma Dhesca Brasil.
fonte:http://www.direitos.org.br/
Corpo de sem-teto assassinado a tiros é velado no meio da rua
Publicado por Jadson André
06-Nov-2008 19:06
O corpo do sem-teto morto a tiros na noite desta quarta-feira (05), na ocupação das calçadas do entorno do terreno da empresa Varuna Empreendimentos Imobiliários, no bairro Fazendinha em Curitiba, foi velado no meio da rua Theodoro Locker, em ato de protesto na tarde desta quinta-feira (06). O corpo de Celso Eidt, de 38 anos, chegou ao local as 16h00, mas os sem-teto, com o apoio de vários movimentos, incluindo representantes do MST, já haviam fechado a rua desde as 14h00. Viaturas do Diretran e da Guarda Municipal estavam no local.
Com faixas e uma cruz negra fizeram uma barreira humana em frente aos barracos aguardando a chegada do corpo. Dois caminhões com caixas de som permaneceram no local. Quando o corpo chegou, o caixão foi colocado em uma mesa no meio da rua com a cruz de fundo. Os sem-teto fizeram um grande circulo em volta do caixão enquanto alguns representantes diziam algumas palavras no microfone. Muitas acusações foram feitas às autoridades. Os sem-teto acusam as empresas Varuna e C.R. Almeida de terem grilado o terreno e exigiram da prefeitura uma alternativa para seu problema de moradia.
“Nós não queremos ficar na fila da Cohab, muitas pessoas aqui não tem condições para entrar nesta fila, queremos uma posição da prefeitura, não queremos deixar que mais uma morte aconteça em vão”, disse José Maria, um dos líderes do movimento de sem-teto.

 

Familiares de Celso próximos ao caixão

Segundo Maria da Graça, outra líder do movimento, eles tem recebido visitas constantes do oficial de justiça ordenando a retirada dos barracos das calçadas no entorno do terreno, que é vigiado 24 horas por seguranças particulares e viaturas da Guarda Municipal. “Hoje pela manhã o oficial de justiça veio aqui e disse que em 30 minutos deveríamos sair, mas ele reconheceu que a situação estava difícil com a morte do Celso, então deixou que ficássemos, mas afirmou que a qualquer momento seremos retirados e que nosso destino é problema da prefeitura”, disse Maria.

Os familiares de Celso autorizaram que o corpo fosse levado para rua, alguns irmãos e irmãs do sem-teto estavam no local. Lucila Eidt, irmã de Celso falou em nome da família. Ela afirmou que o irmão era pedreiro e que tem esposa e uma filha que moram em Itapiranga, oeste de Santa Catarina, assim como outros familiares que estão vindo para Curitiba para o enterro de Celso. “Ele e um outro irmão meu, o Zeno, não tinham casa e trabalhavam como autônomos, estava aqui desde o começo da invasão, mas sempre foram pacíficos, não me lembro de nenhuma desavença que eles tenham feito”, contou Lucila emocionada.

O assassinato
 

Desde o dia 23 de outubro quando a reintegração de posse do terreno foi cumprida por 800 policiais militares, os sem-teto montaram seus barracos nas ruas Theodoro Locker e João Dembinski. Uma cozinha improvisada foi construída na Theodoro Locker, e a outra estava sendo construída numa região mais afastada na João Dembinski. Celso e seu irmão estavam a cargo de cuidar da segurança e da infra-estrutura da nova cozinha, onde estavam morando.

Cozinha improvisada onde Celso foi assassinado, marcas de sangue e tiros

Os irmão de Celso estava com ele e mais dois rapazes jogando baralho no barraco no momento do assassinato. Lucila conta que, segundo Zeno, na tarde de quarta-feira, Celso havia pedido água aos seguranças particulares que estavam dentro do terreno. Ela conta que houve um desentendimento entre seus irmãos e os seguranças, que chegaram a apontar armas para os sem-teto.

“Nós achávamos que ficaria apenas na ameaça, mas de noite três homens chegaram encapuzados em um carro, desceram e dispararam vários tiros somente contra o Celso, 15 tiros atingiram o corpo dele a maioria na região do tórax, mas muitos outros foram disparados e não acertaram mais ninguém”, disse Lucila baseada no depoimento de Zeno que estava no local no momento da execução.Segundo os representantes dos sem-teto, possivelmente os disparos tenham acontecido com um silenciador, pois nenhum barulho foi ouvido, apenas quando os outros rapazes que estavam no barraco com Celso avisaram é que todos ficaram sabendo.

Depois da manifestação em frente à cozinha improvisada dos sem-teto, o caixão de Celso foi levado até a igreja Batista da Vila Sandra em frente ao local do assassinato, na rua João Dembinski. Todos os sem-teto acompanharam em fila o cortejo de cerca de um quilômetro. A cruz negra utilizada na manifestação foi fincada no barraco de Celso, que estava com muitas marcas de sangue e buracos dos tiros. O enterro acontecerá às 10h00 da manhã desta sexta-feira (07), no cemitério do bairro Campo Comprido.

fonte:http://jornale.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=15096&Itemid=52
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