Disciplina - Sociologia

Espelho, espelho meu... quem seria a madrasta de hoje?

Espelho, espelho meu... quem seria a madrasta de hoje?

O longa-metragem de animação, "Branca de Neve", dos estúdios Disney, lançado em 1937 e baseado no conto de fadas dos irmãos Grimm, eternizou a célebre frase: " Mágico espelho meu, quem é mais bela do que eu?"

Nessa versão do conto, a Madrasta encontra-se certa de que é a mais bela de todas as mulheres do reino. Porém, quando seu espelho mágico diz que há uma jovem, de lábios como a rosa, cabelos como o ébano e pele branca como a neve, e mais bela que a rainha, ela se revolta e busca uma "intervenção", um "método", uma "fórmula" para se manter a mais bela de todas.

Levando-se em consideração tal contexto, hoje, quem ou o quê faz o papel da malvada madrasta? Quais "intervenções" ela faria? Que "método" usaria? Quais "fórmulas" encontraria para manter a beleza?

Talvez essa “madrasta atual” esteja inserida nos mais variados meios de comunicação, ao ditar regras, estabelecer padrões e medidas, transmitindo a ideia de que todas as mulheres têm a obrigação de desfilar magras em uma passarela sob lentes dos mais críticos fotógrafos e jornalistas. Esquecem-se de mencionar que essas modelos profissionais, muitas vezes, chegam ao limite entre o “peso ideal” e os Transtornos Dismórficos, de ordens corporais (associados à Anorexia, Bulimia e Vigorexia).

De acordo com a reportagem do sítio Observatório da Imprensa no último São Paulo Fashion Week (janeiro de 2010), as modelos tinham idade na faixa dos 18 anos, e seus índices de massa corporal (IMC), calculado pela Folha, igual ao de crianças de nove anos. A Organização Mundial da Saúde chama esse índice de magreza severa". (Folha de São Paulo, 20/01/2010). Tal "padrão de beleza" oculta um forte marketing, que oferece dicas e soluções para as mulheres que não se enquadrem nos padrões definidos pela própria "Indústria da beleza". Surgem matérias em revistas, propagandas nos intervalos comerciais e, dentro dos próprios programas televisivos voltados a dietas fantásticas, roupas que diminuem medidas, cremes que fazem perder, imediatamente, vários centímetros, tantas informações que acabam incitando a uma “ditadura do corpo”.

Muitas vezes, na busca por esse corpo ideal, as pessoas optam por métodos extremamente invasivos, como as cirurgias de lipoaspiração e lipoescultura. De acordo com a Dra. Ivone Duarte, médica graduada pela UNIFESP - EPM, "a lipoaspiração é um ótimo procedimento, quando bem indicado e quando o paciente for bem-esclarecido sobre todos os cuidados e procedimentos auxiliares que podem ajudá-lo na recuperação pós-operatória". A grande questão é perceber essa linha tênue de quando realmente há a necessidade dessa cirurgia (recuperação da saúde) ou quando é apenas uma influência da mídia.

Com orientação e disciplina, exercícios físicos trazem inúmeros benefícios, mas em contrapartida vem a “crítica à lógica do sacrifício e do sofrimento – não somente físico –; o excesso de exercícios que aumentam o risco de lesões graves e a possível degradação do corpo; o uso de meios artificiais, como anabolizantes, os quais aceleram a almejada performance corporal (...)”.

De acordo com a Profa. Dra. Edna Paciência Vietta, transtornos alimentares, o uso de esteróides anabolizantes e as intervenções cirúrgicas desnecessárias são resultantes desta busca pelo “estereótipo do corpo perfeito”. “Ter um corpo é ter uma identidade. Alterá-lo para agradar aos outros, sobretudo, para atender às expectativas criadas pela própria indústria da estética, é uma forma de ser menos dono de si mesmo. A melhor solução é a prevenção, orientação e detecção precoces”.

Fontes de Pesquisa

 

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